Shih Tzu: entrevista com o especialista David Crossley

O inglês David Crossley, de Cheshire, é diretor da principal organização mundial ligada à raça, o The Shih Tzu Club, do Reino Unido. O padrão oficial da entidade, elaborado com o The Kennel Club (TKC), órgão máximo da cinofilia britânica, é adotado pela Federação Cinológica Internacional (FCI) e por seus países filiados, a CBKC no Brasil. Crossley cria Shih Tzu há 35 anos, é dono do canil Santosha e árbitro especializado na raça. Participou como juíz dos maiores eventos mundiais do segmento, como a Crufts.

Popularidade

Pergunta – A raça é uma das primeiras do ranking de nascimentos. A criação enfrenta os desvios comuns à alta popularidade?
Crossley – A maioria dos Shih Tzus é saudável e de qualidade satisfatória. Mas há, sim, gente criando sem critério. Temos vistos mais Shih Tzus com desvios temperamentais. Em geral, são nervosos ou agressivos e acabam doados pelos donos.

Pergunta – No Reino Unido, há a tendência de miniaturizar a raça?
Crossley – Aqui não, mas nos estados Unidos há e incomoda muita gente.

Pergunta – O que tem acontecido nos Estados Unidos?
Crossley – O American Shih Tzu Club está muito descontente com a miniaturização. Os exemplares miniaturizados se tornaram tão procurados que ganharam batismos informais, como “Imperial Shih Tzu” ou “Tiny Teacup Shih Tzu”. Pesam de 1.35 a 2.7 kg, bem menos que o mínimo de 4,05 kg estipulado pelo padrão norte-americano. O site do clube deles está com um alerta no ar, desencorajando a produção e a compra desses exemplares.

Controle

Pergunta – Como o senhor avalia o plantel britânico da raça?
Crossley – O plantel continua com bons cães, talvez até melhores que no passado. Mas o número de exemplares ruins aumentou. O padrão estabelece uma ampla faixa de peso, que vai dos 4,5 a 8 kilos. O maior cão tem quase o dobro do menor. Isso significa vários tipos físicos, o que por si só não é mau. Porém temos observado falta de homogeneidade nesses tipos. Também há cães maiores que o permitido. Outros têm cabeça pequena e focinho alongado, características indesejadas. Além disso, há exemplares que se movimentam como se voassem, o que pode ser bonito, mas não típico.

Pergunta – Qual o maior problema da raça no Reino Unido e no Mundo?
Crossley – A má qualidade com que é julgada. Muitos árbitros não penalizam desvios graves e acabam premiando quem não deveria ganhar.

Pergunta – Há exigências para que os Shih Tzus sejam acasalados e seus filhotes tenham pedigree?Crossley – Se os pais da ninhada tiverem pedigree e o criador seguir as regras do TKC, os filhotes recebem pedigree.

Pergunta – Que regras são essas ?
Crossley – Uma fêmea pode ter no máximo seis ninhadas na vida e apenas uma por ano. Para algumas raças exigem-se testes de saúde, mas não é o caso do Shih Tzu.

Pergunta – O Shih Tzu Club não tem regras próprias?
Crossley – Não temos autonomia para impor regras. O que fazemos é recomendar aos associados que criem de acordo com nosso código de ética.

Pergunta – O que diz o código de ética?
Crossley – Ele é composto por 16 itens e pode ser lido no nosso site. Entre suas recomendações, diz que os membros devem desencorajar o acasalamento entre exemplares de baixa qualidade. Também salienta que a seleção de acasalamentos deve levar em conta, com igual consideração, tipo físico, temperamento e saúde.

Exemplares de destaque do canil de Crossley

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Santosha Sunking

Santosha Sunking – “Era um macho de tamanho médio que sobressaia pela cabeça, tipo físico, cauda e movimentação. Foi nosso primeiro campeão”.

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Santosha Tiger Lily

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Santosha Tiger Lily – “Essa cadela tinha estrutura equilibrada, linda cabeça, inserção de cauda excelente e pelagem fabulosa”.

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Santosha

Santosha – “É uma boa combinação de linhagens britânicas e americanas. Tem estrutura equilibrada, cabeça tipicamente inglesa e boas inserção de cauda, movimentação e pelagem”.

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Clubes: Reino Unido – The Shih Tzu Club. Site: www.theshihtzuclub.co.uk – American Shih Tzu Club. Site: www.shihtzu.org .

Reportagem: Rachel Rothier. Coordenação de imagem: Ângela Finocchiaro. Coordenação geral e Texto: Flávia Soares. Revisão técnica (intermediada por Fabio Bense): feita pelo entrevistado.

Fonte: Revista Cães e cia.